Atividade física na infância: a proteção eficaz contra a depressão na adolescência
- Lucas da Rosa Ruhe
- 30 de jun.
- 3 min de leitura
Imagine um escudo invisível erguido pela simples brincadeira no parque, capaz de gerar força emocional para enfrentar desafios futuros. Foi isso que um estudo publicado no British Journal of Sports Medicine mostrou ao acompanhar mais de 16 mil crianças suecas até os 18 anos: aquelas que praticaram esportes entre 5 e 11 anos tiveram risco significativamente menor de desenvolver depressão na adolescência

Uma matéria da Folha de S.Paulo, publicada em 11 de junho de 2025, trouxe que a pesquisa, conduzida por Oskar Lundgren e equipe, cruzou informações sobre tempo ao ar livre, participação em times e intensidade das atividades físicas com registros psiquiátricos desses menores. A conclusão foi unânime: movimentar o corpo cedo pode ser um dos mais potentes fatores de proteção contra transtornos de humor.
Os mecanismos por trás desse efeito vão além do simples gasto energético. O exercício modula a liberação de cortisol e adrenalina, promovendo melhor regulação do estresse, e estimula a produção de neurotrofinas, que fortalecem conexões cerebrais ligadas ao bem-estar. Ao mesmo tempo, praticar esportes em equipe cria redes sociais saudáveis que funcionam como suporte emocional em momentos difíceis.
Na visão da psicologia do desenvolvimento, esse conjunto de estímulos físicos e sociais contribui para a construção de resiliência: a capacidade de enfrentamento diante de adversidades. Ao vivenciar desafios controlados, como marcar um gol ou aprender uma técnica nova, a criança internaliza lições sobre persistência e autorregulação, essenciais para a saúde mental ao longo da vida.
Pense, por exemplo, na história de uma menina que começa a jogar vôlei aos seis anos. Cada treino fortalece não só seus músculos, mas também sua autoconfiança; cada vitória e cada erro a ensinam sobre empatia e cooperação. Essa narrativa cotidiana ilustra como esportes infantis são laboratórios emocionais, onde aprendizados se traduzem em recursos psicológicos duradouros.

Além de benefícios individuais, a pesquisa reforça o papel das práticas esportivas na prevenção de epidemias emocionais. Comunidades com programas regulares de atividades para crianças tendem a apresentar menores índices de ansiedade e depressão entre adolescentes, evidenciando o poder de políticas públicas voltadas ao esporte escolar e comunitário
Lundgren destaca que inserir uma hora de atividade física no currículo não prejudica o rendimento acadêmico, ao contrário, pode aprimorar a concentração e acelerar o aprendizado. Esse é um convite para famílias e educadores repensarem roteiros diários, priorizando o movimento como parte integrante do desenvolvimento cognitivo e emocional.
Para os pais, o recado é claro: incentivar brincadeiras ativas em vez de longas horas de tela pode fazer a diferença na saúde mental dos filhos. Caminhadas em família, jogos de bola no quintal ou simplesmente explorar praças são ações simples, de baixo custo e alto impacto na formação de hábitos positivos.
A longo prazo, quando escolas, clubes e políticas públicas se somam a essa estratégia, criamos coletivamente um ambiente protetor onde crianças crescem mais seguras e emocionalmente preparadas. Afinal, cada chute, salto ou abraço no colega de equipe é um passo rumo a uma adolescência mais leve e resiliente.
Conclua hoje o primeiro capítulo dessa história: incentive uma atividade física para uma criança que você conhece.
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