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Afeto como Resistência: Gente que Segura o Mundo no Grito

  • Foto do escritor: Lucas da Rosa Ruhe
    Lucas da Rosa Ruhe
  • 11 de jul.
  • 2 min de leitura

Tem dias em que tudo parece um teste de resistência emocional: a fila que não anda, o salário que evapora antes da metade do mês, a política que parece piada de mau gosto — mas sem final engraçado. E ainda assim, tem gente que acorda, prepara o café, ajeita o uniforme do filho e encara o mundo com um fio de esperança no bolso.


Mulher em cozinha modesta preparando o café da manhã enquanto uma criança se apronta para a escola. A cena mistura rotina, cansaço e afeto.

É curioso como, no meio do caos, o afeto como resistência segue sendo um gesto subversivo. Dar bom dia com vontade, ouvir com paciência, tocar com cuidado. Numa sociedade que valoriza mais o currículo que a história de vida, ser gentil virou quase um ato de rebeldia.


Enquanto isso, as engrenagens giram moendo gente. O algoritmo decide o que tu deve sentir, o mercado te diz quanto tu vale, e a produtividade virou medida de caráter. Quem cansa, é fraco. Quem chora, é drama. Quem pausa, é preguiçoso. Mas ninguém pergunta como tu tá de verdade.


No meio disso tudo, tem quem abrace forte, mesmo sem saber como vai pagar o aluguel. Tem quem ligue pra dizer “só queria ouvir tua voz”. Tem quem cuide dos outros enquanto mal consegue cuidar de si. E tem quem ainda acredite que dá pra construir um mundo mais justo — nem que seja só pro vizinho do lado.

Essa crônica é pra quem insiste no afeto como resistência, mesmo que o mundo diga que isso é perda de tempo. Pra quem já desabou no banho, mas saiu dali enxugando o rosto e indo trabalhar. Pra quem ama mesmo quando tá cansado. E pra quem resiste sem precisar de palco.


Talvez a revolução não venha com bandeira ou megafone.


Talvez ela more em pequenos gestos de humanidade no meio do colapso.


Talvez tu seja parte dela — e nem saiba.


 
 
 

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