top of page
Buscar

Quando a tela pesa: redes sociais e a crise de saúde mental em jovens

  • Foto do escritor: Lucas da Rosa Ruhe
    Lucas da Rosa Ruhe
  • 12 de jun.
  • 3 min de leitura

Saiu na Folha UOL que, segundo um relatório do KidsRights divulgado em 11 de junho de 2025, uma em cada sete pessoas entre 10 e 19 anos já vive algum tipo de problema de saúde mental — e muito se tem apontado o uso excessivo de redes sociais como um fator relevante. Plataformas criadas para aproximar quem está longe acabaram virando palco de comparação, inadequação e uma ansiedade que parece não dar trégua.

Ilustração minimalista de um adolescente em azul escuro olhando para o celular com expressão triste. Dentro de sua cabeça há um cérebro vermelho visível, simbolizando o impacto mental. Ícones de redes sociais flutuam ao redor, em fundo claro. Acima, o texto: "Redes Sociais — Saúde Mental".

O cenário é claro: feeds infinitos, notificações pipocando a cada segundo e aquela busca por curtidas que ativa os circuitos de recompensa do cérebro de forma parecida ao que acontece com jogos de azar. A teoria do reforço intermitente, lá de Skinner, ajuda a entender por que seguimos rolando a tela mesmo quando a experiência é vazia ou até frustrante. É o velho “e se a próxima rolagem trouxer algo melhor?”. E, quando se vê, o tempo já se foi.


Olhar para esses dados pela lente da Psicologia Baseada em Evidências revela uma associação consistente entre o uso problemático das redes e sintomas de ansiedade e depressão em adolescentes. Não é só papo de pai ou mãe preocupado. Pesquisas indicam que o consumo passivo — quando a pessoa só observa, sem interagir — pode intensificar a sensação de isolamento e minar a autoestima. Aquele scroll automático nos deixa inseguros sobre nosso lugar nesse mundo virtual.


E tem um fantasma rondando esse comportamento: o FOMO, ou medo de ficar de fora. Muitos jovens relatam sentir que precisam estar sempre atentos ao celular, como se a vida estivesse acontecendo ali. Essa vigilância constante pode sobrecarregar o sistema de autorregulação emocional. Virar a noite vendo stories se torna hábito, e isso compromete o sono — o que, por sua vez, tende a intensificar sintomas de ansiedade no dia seguinte.


O papo em casa e na escola precisa mudar. Em vez de tratar a tecnologia como vilã, vale criar espaços e horários livres de tela. Que tal combinar um período off-line no jantar ou desligar tudo uma hora antes de dormir? Essas pausas ajudam o corpo a retomar o ritmo natural do sono e criam momentos reais de descanso. Outra ideia é incentivar pausas conscientes — olhar para o que se está sentindo e perguntar: “o que esse conteúdo está mexendo em mim?”.


Para quem convive com jovens, seja na família ou na clínica, abrir espaço para falar sobre essas experiências digitais faz diferença. Validar os sentimentos, sem julgar, mostra que cada reação emocional tem um motivo. Estabelecer limites de uso, mas também escutar como a pessoa se sente com o que consome, ajuda a construir um equilíbrio entre proteção e autonomia.

No dia a dia, dá pra testar práticas simples como a técnica dos “3 Bocados” — uma proposta inspirada em abordagens de atenção plena. Antes de abrir o aplicativo, pare e se pergunte: “por que quero entrar aqui agora?”, “o que estou buscando?”, “como costumo me sentir depois?”. Três perguntas rápidas que colocam um pouco de consciência nesse ato automático. Com o tempo, o impulso de rolagem perde força.


E não dá pra esquecer o que está fora da tela. Praticar um esporte, pegar um livro ou combinar um café com um amigo ajuda a tirar o foco da validação virtual e reconectar com o pertencimento real. Pesquisas indicam que participar de comunidades físicas pode reduzir significativamente o risco de transtornos de humor — em algumas análises, essa redução chega a até 40%.


Se tu te reconhece nesse cenário ou percebe alguém próximo sofrendo com ansiedade ligada às redes, considera buscar ajuda. A terapia oferece um espaço seguro para entender esses padrões de uso e criar estratégias sob medida. Com orientação adequada, é possível ressignificar a relação com a tecnologia e recuperar o protagonismo da própria vida.



Comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação

Se inscreva na minha Newsletter

© 2025 Lucas da Rosa Ruhe. Todos os direitos reservados. | CRP 07/43973

bottom of page